Titanic nunca afundou? Implosão de submersível traz à tona teorias conspiratórias sobre o navio
O desaparecimento do submersível Titan, no último dia 18, trouxe à tona teorias conspiratórias sobre o Titanic, que naufragou há mais de cem anos, em 1912. Isso porque os cinco tripulantes do Titan partiram em uma expedição para explorar os destroços do famoso transatlântico. Na última quinta-feira (22), a Guarda-Costeira anunciou que todas as pessoas a bordo morreram após a estrutura sofrer uma implosão.
Entre todas as teorias, a mais perturbadora lança dúvidas sobre o naufrágio do Titanic, nas águas geladas do Atlântico Norte, e o desaparecimento das centenas de passageiros a bordo. No TikTok, um vídeo intitulado “The Deep Dive” (“O Mergulho Profundo”), que acumula mais de quatro milhões de visualizações, faz alusão à teoria de que o Titanic foi trocado pelo Olympic, outro transatlântico da White Star Line, mesma empresa que fabricou o Titanic.
Ao contrário de seus “irmãos” Titanic, que afundou na primeira viagem, e o Britannic, o Olympic teve uma longa carreira, de 1911 a 1935, ganhando o apelido de “velho confiável”. Apesar disso, seu tempo de serviço foi marcado por várias colisões com outros navios, mais notavelmente com o HSM Hawke, em setembro de 1911, e o LV-117, em maio de 1934.
O usuário que narra o vídeo no TikTok alega que os donos da empresa queriam se “livrar” do Olympic, pelo fato de ele supostamente não ser mais rentável, e por isso trocaram o Titanic pelo Olympic quando o transatlântico estava prestes a zarpar. A pessoa chama a atenção, ainda, para o fato de que algumas das pessoas mais poderosas que estariam no Titanic, como o banqueiro J.P. Morgan, desistiram da viagem minutos antes de sua partida.
Outro vídeo do TikTok apresenta uma teoria da conspiração segundo a qual o naufrágio do Titanic foi um “golpe” encomendado por J.P. Morgan para eliminar aqueles que se opunham ao Federal Reserve, o sistema de bancos centrais dos Estados Unidos. Pessoas apontam que a instituição teria contribuído para a Grande Depressão de 1929, assim como a crise financeira de 2007.
Segundo especialistas, o algoritmo do TikTok e seu sistema de recomendações fazem da rede social uma plataforma propícia para a disseminação de teorias da conspiração.
“Facilita a difusão desse tipo de conteúdo”, afirmou à agência de notícias AFP a pesquisadora Megan Brown, do Centro de Redes Sociais e Política da Universidade de Nova York.
Embora a plataforma pretenda remover conteúdos que possam causar “danos significativos” às pessoas, ou à sociedade, como violência ou assédio, ela permite a circulação de outros tipos de informações aparentemente inofensivas.
Um relatório publicado este mês pelo Instituto Reuters aponta que os jovens se informam cada vez mais pelos influenciadores do TikTok, e não pela mídia. De acordo com este relatório, 55% dos usuários do TikTok e Snapchat e 52% dos usuários do Instagram se informam com “personalidades” da internet, em comparação com uma faixa entre 33% e 42% que preferem as contas dos veículos de comunicação e de jornalistas nessas mesmas plataformas.
Os historiadores temem que as teorias da conspiração afetem toda uma geração de jovens, para quem plataformas como o TikTok costumam ser a única fonte de informação.
“O triste é que muitos dos que seguem essas coisas são adolescentes”, lamenta Charles A. Haas, fundador da Titanic International Society, que se dedica a pesquisas sobre o transatlântico.
“Eles não estão absolutamente dispostos a fazer uma investigação de verdade”, escreveu Haas em colunas do jornal americano The New York Times.
R7