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Novo salário mínimo injeta R$ 10 bi na economia, mas aumenta despesas do governo

 

O novo salário mínimo começa a valer nesta segunda-feira (1°), Dia do Trabalhado. Agora, o valor passa a ser de R$ 1.320 mensais. O reajuste é de 1,38%, com aumento de R$ 18 em relação ao patamar anterior.

Segundo especialistas ouvidos pelo R7, a medida vai injetar aproximadamente R$ 10 bilhões na economia do país. Por outro lado, o governo gastará mais R$ 7 bilhões por ano.

A projeção da adição de R$ 10 bilhões ao mercado é do economista Ulisses Ruiz de Gamboa, da ACSP (Associação Comercial de São Paulo). De acordo com ele, isso vai movimentar o consumo, a produção de riquezas e gerará empregos.

Para o especialista, o reajuste é “bem-vindo” por causa “da situação em que as famílias estão vivendo, pela corrosão do poder de compra [que sofreram]”.

Porém, ele ressalta que a demanda “não vai aumentar na mesma proporção”, porque “as famílias estão endividadas”. Segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo), 78,3% das famílias em março diziam estar com contas atrasadas.

Mesmo com o aumento na remuneração, uma pessoa deficitária pode optar por quitar dívidas ao invés de consumir, mesmo que haja estímulos do governo em direção às compras. Esse fenômeno foi observado no primeiro mandato de Dilma Rousseff, por exemplo.

Em sentido semelhante, o Instituto Locomotiva estima que o novo salário mínimo vai injetar R$ 9,5 bilhões na economia nacional.

“O cálculo considera beneficiários do INSS, empregados, autônomos e empregadores que recebem rendimento equivalente ao salário mínimo. Em 2023, esses grupos representam aproximadamente 60,3 milhões de pessoas”, disse o Locomotiva.

Prejuízos

Já para Claudia Moreno, economista do C6 Bank, o reajuste “não tratá muito impacto [positivo]” aos negócios no Brasil. Ela projeta, ainda, que a medida vai aumentar as despesas do governo em R$ 7 bilhões por ano.

Isso pode acontecer porque o salário mínimo é usado como piso para muitos cargos públicos e pagamentos de benefícios sociais. Por exemplo, é utilizado em gastos com aposentadorias do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

“Na nossa visão, a taxa de desemprego da economia está relacionada ao crescimento da atividade, em particular do setor de serviços, que é mais intensivo em mão de obra. Não acreditamos que o aumento do salário mínimo tenha impacto relevante sobre o desemprego”, declarou Moreno.

Na visão de Ulisses Ruiz de Gamboa, outro ponto negativo do salário mínimo maior é um possível aumento da inflação ou “que ela teime em baixar”.

Além disso, ele acredita que o reajuste pode resultar em mais trabalhadores em situação de informalidade: “À medida que o trabalhador sai mais caro, o empregador pode diminuir a folha de salários”.

A ligação direta entre aumento de salário mínimo e crescimento de desemprego ou informalidade não é consenso entre os estudiosos de economia.

Para uma ala dos economistas, quanto maior o piso legal, maior o desemprego e o número de pessoas no trabalho não regular. Porém, há outro grupo que não vê dessa forma.

Anúncio do presidente

O anúncio do reajuste do salário mínimo foi feito pelo presidente Lula em fevereiro.
Durante a campanha eleitoral, o petista prometeu aumento da remuneração básica acima da inflação.

Desde o dia 1º de janeiro, com medida anterior ao mandato do chefe do Executivo, o piso oficial passou de R$ 1.212 para R$ 1.302.

Como o reajuste ficou em 7,42% e o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) acumulado no ano passado foi de 5,93%, o ganho real atingiu 1,41%. Agora, será acrescido o aumento de 1,38% a partir deste 1º de maio.

 

R7

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