A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) vai apresentar o relatório final nesta quarta-feira (29/11), em um documento de cerca de 300 páginas e mais de 100 indiciados. Entre os nomes de pessoas que, segundo a investigação do relator Hermeto (MDB), cometeram crimes relacionados aos ataques contra a democracia, devem estar o de G. Dias e da coronel Cíntia Queiroz. Anderson Torres, porém, deve ser poupado.
Esse é o cenário que se desenha nesta terça-feira (28/11), com mudanças em relação ao texto apresentado na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). No Congresso Nacional, a esquerda conseguiu não incluir Marco Edson Gonçalves Dias, o G. Dias, que era o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Lula (PT). Na CPI do DF, o nome dele deve constar entre os indiciados do relatório final.
G. Dias foi pressionado pela direita após a divulgação de imagens que mostram o general circulando pelo Palácio do Planalto em meio às invasões bolsonaristas. Ele acabou pedindo exoneração.
Outro nome que não consta no relatório da CPMI e deve surgir entre nomes de indiciados é uma figura importante da segurança do DF: a coronel Cíntia Queiroz de Castro, subsecretária de Operações Integradas. Durante oitiva, ela chegou a dizer que não houve erro de planejamento, mas de execução das forças da capital no 8 de Janeiro.
O entendimento da CPI foi outro. As informações recebidas pela Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF), de que o protesto seria violento e com intenção de tomada do Poder, pesaram na avaliação.
Porém, o chefe direto de Cíntia na época dos fatos, o então secretário Anderson Torres, deve ser poupado pelo relatório, sob visão de que ele teria agido de forma correta diante das informações repassadas por seus subordinados.
A ausência de Torres é polêmica e promete gerar duros embates entre os deputados distritais. Para alcançar os mais de 100 nomes, o relatório vai incluir o nome de vários “patriotas” que invadiram os prédios da Praça dos Três Poderes.
O documento precisa de ao menos 4 dos 7 votos dos titulares da CPI para ser aprovado. Os indiciados devem se encaixar em quatro eixos principais: aqueles que instigaram as pessoas a participar dos atos; aqueles que financiaram golpistas; os que foram omissos; e os que efetivamente estiveram na Praça dos Três Poderes na data praticando ações violentas para anular o resultado das eleições.
Financiadores e incitadores
A CPI do DF ouviu suspeitos de financiar as atividades a favor do golpe no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em outros locais públicos de Brasília e no derradeiro 8 de Janeiro. Os dois primeiros acusados de arcar com custos de manifestações golpistas foram os empresários Joveci Xavier de Andrade, ouvido em abril, e Adauto Lúcio de Mesquita, em maio.